Capítulo 20 - Reencontro
Matilde
|
Benfeitora, mãe de Gregório em
outras eras.
|
Desencarnado
|
Gúbio
|
Instrutor.
|
Desencarnado
|
Elói
|
Amigo de André Luiz.
|
Desencarnado
|
André Luiz
|
Estudante e narrador dos fatos.
|
Desencarnado
|
Saldanha
|
Ex-Chefe do grupo de
obsessores, agora modificado.
|
Desencarnado
|
Reencontro com Gregório
Já era noite avançada, Gúbio, estava pensativo. Orou longamente por sua filha espiritual, Margarida, ao lado do leito em que descansava. Em seguida, avisou os companheiros que necessitavam partir.
Muitas entidades, sofredoras e amigas, mesmo padecendo de loucura, que ali estavam, agora estavam transformadas, necessitando de auxílio e ajuda, queriam ter nova vida. Novas esperanças, novas oportunidades, novo recomeço. Todos teriam novas oportunidades, de reencarnação, a seu tempo e a méritos adquiridos. Poderiam trabalhar ali no plano espiritual, ajudando aos outros, adquirindo assim novos méritos. O reajustamento próprio é um trabalho individual de cada um. A prece ajuda, a esperança balsamiza, a fé sustenta, o entusiasmo revigora, o ideal ilumina, mas o esforço próprio na direção do bem é a alma da realização esperada. Felicidade, paz e alegria não se improvisam e são conquistas da alma no serviço incessante de se renovar.
É importante então não esquecer da máxima evangélica:
“Quem perseverar até o fim será salvo. ”
Saldanha estava completamente transformado e muito emocionado, estava de olhos fixos em Gúbio, ouvindo-o com muita atenção. Ouviu-se então, através de algumas irmãs que estavam presentes, um hino de louvor entoado ao Cristo que lembrava o Salmo de Davi. Raios de luz safirina caiam sobre todos, deixando o ambiente ainda mais belo e iluminado.
A tarefa ainda não estava concluída. Matilde se fez materializar em região intermediária, para então realizar o tão sonhado reencontro espiritual com o filho, Gregório.
A esta altura dos acontecimentos, Gregório já havia sido informado das novidades a respeito do caso de Margarida. Muitos companheiros de Gregório que trabalhavam no caso dela, haviam desistido de insistir no mal, estavam cansados de tudo aquilo. Gregório havia perdido vários de seus colaboradores daquele caso. Gregório estava furioso, se achando credor de Gúbio, e muito em breve um duelo espiritual se daria. Gúbio tornou a explicar que eles deveriam ouvir calmamente Gregório, todos os seus insultos e não levar estes insultos por maldade ou grosseria, ou até mesmo se ofender, pois Gregório, no fundo, era um sofredor, sentia-se incompreendido, um espírito oprimido e inconformado, sentia por dentro uma revolta doente e infeliz, algo que poderia somente prejudicar a ele próprio.
O pensamento é força vigorosa que chega no fundo da alma e se eles se entregassem a reação, poderiam chegar até mesmo a violência, impedindo até mesmo a materialização de Matilde e pôr fim a renovação de Gregório, e por fim, fracassando a tentativa de resgate. As emissões de mágoa ou revide também iriam atrapalhar. Vingança, perseguição, indisciplina, vaidade e egoísmo são combatidas com emissões de amor fraternal, ensinadas a nós por Cristo. Gregório era somente um infeliz, como eles mesmos o foram em passado remoto ou próximo. A conduta deles inclusive, nada tinha de surpreendente, já que também aprenderam com as lições deixadas pelo Cristo.
Foram informados que Gregório viria acompanhado de mentes que pensavam igualmente a ele, inimigas da luz e Saldanha preocupou-se, sugerindo formar barreiras energéticas, mas ao que Gúbio sorriu e o orientou que uma ferida não se cura aprofundando o sulco de carne em sangue e que a cicatriz abençoada surge através da enfermagem, remédio ou retificação, com ascendentes de amor.
Após duas horas de jornada, conduzidos por Gúbio, que tinha maior experiência no trato com aquelas situações, chegaram ao local do reencontro, que era belo, um planalto verdejante, coroado pelo luar e que os convidava a prece.
Todos então oraram por alguns momentos e elevaram suas vibrações. Gúbio estava tão pálido que parecia estar em contato com planos superiores.
Gregório chegou, junto de dezenas de colaboradores e animais monstruosos. Falavam palavrões, gritavam.
Os benfeitores se mantiveram firmes, não recuaram e se mantiveram calados.
Gregório gritou com Gúbio, estava enraivecido com toda aquela situação, chamou Gúbio de hipnotizador, traidor, covarde, e ainda o lembrou sobre o movimento de humilhação, segundo ele, que tinha ocorrido a quase dois mil anos atrás, referindo-se ao Cristo e ainda o chamou a luta armada, levantando sua espada luzente.
Gregório não teve resposta, nada além do silêncio de Gúbio. Enfurecido, Gregório aproximou-se mais ainda de Gúbio e disse que o levantaria por ele próprio e lhe daria a surra que ele acreditava merecer. Neste momento, Matilde se materializou naquele plano. Intensa luz se fez no local. A voz de Matilde falou a Gregório para ele se redimir, que seu tempo de dureza e secura estava terminado, que o Senhor já o havia chamado por várias maneiras. Falou a ele que por séculos tem sido apenas um duro disciplinador de almas criminosas e perturbadas que após desencanarem permaneceram imprudentes e viciadas. Que ele sente há tempos muito tédio desta tarefa e uma solidão imensa. Que se uniu a este trabalho junto aos Dragões somente por que não se manteve coroado quando desencarnou e passou para a vida eterna.
Gregório não se conformava. Exaltado, disse se sentir só, abandonado, estava completamente fora de si. Em um momento, desembainhou sua espada e disse à Matilde que estava ali para guerrear. Que ela lutasse contra ele!
Matilde, muito emocionada, não se opôs e disse a ele, que as armas dela eram apenas o seu coração e o seu amor por ele. Ele não a via, até que ela se materializou e se fez visível a todos, chegou perto de Gregório e ele a pode ver, finalmente, após muito séculos separados. Gregório caiu em prantos, estava muito emocionado e a chamava por mãe. Ela nunca havia se separado dele, mas estava em planos superiores e ele não a podia ver devido ao seu embrutecimento nas más atitudes. Aquela visão para ele foi derradeira, foi o embate entre a luz e a treva. E a treva... não resistiu. Gregório, após aquele abalo, regressou à fragilidade infantil, em forma infantil e recomeçava ali, o seu processo de libertação. Numerosos membros da falange de Gregório fugiram, com medo. Matilde, abraçada a Gregório, o trazia em seu colo e o entregou a Gubio que se encarregou de guardar Gregório, por algum tempo. Matilde se desmaterializou e foi a planos superiores dar prosseguimento nos planos futuros, de sua futura reencarnação. Gúbio estava feliz, carregando, em seus braços, Gregório, e deu por encerrada aquela missão salvadora.
Despedida e planejamento futuro
Gúbio agradeceu a André e a Elói, por toda aquela jornada de libertação, sempre lembrando que o amor sempre vence o ódio e de que o bem aniquila todo o mal. André quis agradecer, dizendo que a ele também lhe sentia muita gratidão. Elói seguiu para outros rumos, em busca de outros setores. Se despediram.
André retornou sozinho ao seu domicílio espiritual e rogou a Deus, chorando, que não o abandonasse, ele também tinha suas lutas a travar. Grande silêncio no aposento e André observou no horizonte, a estrela matutina, que brilhava, como se aquele sinal, fosse a resposta de Deus para André, afinal, ele também não estava sozinho.

Nenhum comentário:
Postar um comentário